Às vezes, o maior desafio não é lidar com a ausência do outro, mas com o que essa ausência revela em nós. O vazio deixado pelas faltas, pela inconstância, pela distância, tudo isso nos força a confrontar o que realmente buscamos no outro. Estamos aprendendo a aceitar que o outro não tem a obrigação de corresponder às nossas fantasias, que ele é, antes de tudo, um sujeito incompleto, com suas próprias falhas e limitações. Neste processo, somos desafiados a sustentar a falta, não como algo que nos impede, mas como um espaço aberto para o crescimento do desejo, da angústia e do amor. A verdadeira tarefa não é buscar no outro o que falta em nós, mas compreender o que, de fato, é possível encontrar ao nos relacionarmos com o real do outro, com suas imperfeições. Este texto fala sobre esse caminho doloroso e libertador de aceitar a ausência e, paradoxalmente, encontrar mais espaço para amar.
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Silêncios, Faltas. Inconsistências. Inconstância.
O que sabota meu desejo é a falta. A minha falta e a do outro.
A verdade de que o outro não estará lá para sustentar o meu desejo.
A ausência concreta e subjetiva do outro como sujeito incompleto e real.
Atravessar a fantasia é sustentar em mim a falta (minha e do outro) para que o desejo não morra, mas se expanda no infinito das possibilidades.
Andar, na angústia do não saber, para tentar, além de mim, encontrar o real, do outro.
Para amar, talvez, com mais completude... não o que o outro pode satisfazer em mim, mas o que de mim, pode ser satisfeito no meu desejo pelo outro.