01 Apr
01Apr

Às vezes, os amores mais marcantes nascem do que não aconteceu, daquilo que não deu certo. A dor da ausência se mistura ao aprendizado silencioso. E, no que ficou faltando, encontramos algo importante dentro de nós mesmos. A história deles, que foi curta, se construiu nas pequenas coisas: o jeito de olhar, de sorrir, de falar. Ela não sabia que seria assim, mas, ao final, o que restou não foi só a dor, mas também o reconhecimento das suas próprias forças e sentimentos. O que parecia faltar fez com que ela percebesse o que sempre esteve ali, um conforto que, mesmo com a dor, a trouxe de volta para si mesma.

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É bom já começar do fim, assim a gente não se desgasta em choros e sofrimento. Foi assim que ele se aproximou dela, já entendendo que aquilo não seguiria em frente de modo algum. 

E foi isso, a história deles. 

Ela seguiu com um sabor estranho na boca. A rejeição tem um gosto amargo estranho que fica afetando (sim, afetos) todo o resto. 

Seria possível seguir com essa angústia por quanto tempo mais?

 Engraçado é que ela nem sabia que seria assim, porque nem viu nada disso acontecer. Os afetos se constroem de um jeito sorrateiro dentro da gente. Vão surgindo de uma conversa boa, um jeito de olhar, de falar, de sorrir (aquele jeito tão dele de sorrir depois de soprar a fumaça do cigarro). 

A questão mais profunda é que isso foi criando tramas invisíveis dentro dela: a maneira que aquele jeito a afetou lembrou a sensação antiga do sol tocando a pele num dia de outono. O conforto da voz dele fez casa nos ouvidos, delicadamente, porque era calma e doce...como uma conversa na madrugada, sobre coisas bobas e profundas. Estar com ele era como estar em casa. E é isso que ela quis mais... quis mais da paz, da calma e ele mostrava que já estava dentro dela. 

Ele, espelho das coisas que já haviam nela. E depois do fim, enfim... ela pode olhar pra tudo isso com calma. Da dor ao conforto. Da ausência a pequenas coisas que gostava. Do abandono a sua capacidade incrível de sentir. 

Ela aprendeu dele os nomes do que já havia nela... Porque depois do fim, enfim... ela permaneceu dela.

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