06 Apr
06Apr

Às vezes, nos acostumamos tanto ao desconforto que ele se torna invisível, e o que deveria ser um sinal de que algo não vai bem passa despercebido. Mas é importante lembrar: o que sentimos nesses lugares de dor não é algo que precisamos aceitar para sempre.
Este texto fala sobre o lamento de uma perda, sobre a dificuldade de deixar ir e sobre como, por muito tempo, nos permitimos viver em um espaço desconfortável, acreditando que isso é o que nos resta. Porém, ao lembrar da dor, da sensação de vazio e do nó na garganta, podemos reconhecer que não precisamos mais estar ali.
É hora de dar o fim ao que não nos serve mais, de lembrar que merecemos mais e que podemos, sim, escolher o desconforto da paz ao invés de continuar em um lugar que nos impede de florescer. A dor pode ser um sinal, mas não precisa ser nosso destino. Podemos fazer algo diferente: escolher a liberdade de sermos mais.

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Deixou ir, mais uma vez, sem gritos.
Contendo os sentimentos e as sensações degradáveis que ele causou.
Gravou bem claro, em seu corpo, para lembrar sempre que seus pensamentos insistirem em mostrar os “bons momentos”: o nó na garganta, o choro prestes a sair, esse aperto no estômago.
A vida toda segurando o choro.
Deixando os outros irem embora e seguirem invictos, depois de destruírem, calmamente, suas ilusões — e um pedaço do que ela chamava de vida.
Por que será que ela permanece nesses lugares desconfortáveis por tanto tempo?
Ele mesmo disse: “Mas já faz um ano!”
Sim. Um ano desconfortável.
Um ano chorando baixinho.
Um ano evitando falar da dor, procurando motivos absurdos para continuar naquele lugar.
Continuar... na dor? 
Que menina estranha
Mas é assim: a gente se acostuma a ir suportando pequenas dores. Depois, um pouco mais. 
Até que, sem perceber, está lidando com uma intensidade absurda — e fazendo isso tranquilamente.
Ela precisa desaprender.
Precisa dar limites.
Precisa, sobretudo, dar fim.
E é por isso que, dessa vez, ela gravou bem forte a sensação ruim.
Essa sensação que dá vontade de chorar desesperadamente cada vez que pensa nele.
E agora?
O que fazer com a dor, se ela não pode mais transformá-la num motivo para continuar ali?Talvez... criar um espaço de paz.
Vai ser desconfortável no início — até pra ela mesma.
Mas paz também é construção.
Talvez salvar-se comece assim: escolhendo o desconforto da paz, depois de tanto tempo em guerra.

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