13 Apr
13Apr

Existem afetos que nascem, mas não encontram abrigo.
Porque, às vezes, o outro desperta sentimentos que não consegue sustentar, não por maldade, mas porque também não sabe o que fazer com o que sente.
Nesses casos, o que poderia florescer se perde antes mesmo de começar.
Esse texto é um abraço para quem carrega o luto do que não foi, e tenta dar nome a uma dor silenciosa: a dor da ausência de começo.

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Porque às vezes o outro
não consegue sustentar o que desperta.
A gente fica assim:
levitando no ar,
com o coração esticado no tempo,
suspenso em algo que não se concretizou.
Quando alguém não consegue sustentar o que desperta,
o amor que nasce fica sem destino.
O carinho vira vento,
sem saber pra onde ir.
O gesto para na mão,
sem coragem de virar toque.
A palavra morre nos lábios,
sem nunca chegar.
Quando alguém não sustenta o que desperta,
parece que o sentir perde o sentido.
A história que mal começou
fica sem final,
como se fosse proibida de florescer.
E aí sobram palavras,
presas no silêncio.
Fica o vazio das possibilidades,
pairando como fumaça.
E a dor...
É profunda, sem nome, sem cura.
Porque não houve término,
só ausência de começo.
E o afeto, sem lugar pra pousar,
vira eco.
O luto, então, não tem onde se apoiar.
É um fim sem fim.
É saudade do que não foi.
E no fim, só restam lágrimas,
pela felicidade que não aconteceu.

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